Autora: Ellen Willis
Ano de publicação: 1969 (original aqui)
Tradutora: Amanda Martins
Revisora: Aline Rossi
O feminismo renasceu.
Começou a agitar-se em 1963, quando Betty Friedan esvaziou o mito da dona de casa realizada do subúrbio. Foi impulsionado por um senador brincalhão do sul que, para apontar o absurdo da Lei de Direitos Fundamentais proposta, acrescentou uma cláusula de discriminação sexual à disposição sobre Emprego Justo na lei. …
Observando o nascer e esmorecer de diferentes coletivas, radicais ou não, em diferentes cidades e por diferentes motivos, tenho frequentemente a sensação de que fundamos nossas coletivas no escuro e abandonamos o trabalho político numa escuridão ainda pior.
É claro que as dificuldades em iniciar e, principalmente, manter uma atividade e grupo político consequente, que não perca de vista seu horizonte de libertação, são imensas. Às vezes, essas dificuldades são a confluência de muitos fatores: falta de experiência política, falta de exemplos, falta de recursos, falta de fundos, falta de mãos. …
Esse ano teve de tudo: traduções, legendagens, vídeos, react, entrevistas, debates, participações, manifestações. Claro, também ataques, desavenças, tretas (como sempre).
Foi um ano difícil para todas nós, não só por causa da pandemia, mas principalmente por causa dos vários retrocessos políticos e ataques que sofremos em nossa realidade, luta e direitos como mulheres. Tão difícil que, pela primeira vez, cheguei a parar toda a atividade do blog por mais de um mês, já na reta final, porque estava esgotada. E o Twitter do blog foi definitivamente e deliberadamente deletado.
Felizmente, esse também foi um ano em que muitas pessoas colaboraram para os materiais produzidos e publicados. …
Autora: Denise Thompson
Tradutora: Amanda Martins
Para ler o capítulo anterior: Em defesa do Feminismo Cultural
Atrás do antagonismo do feminismo socialista ao feminismo radical / “cultural” reside sua adesão contínua à explicação materialista marxista da história/sociedade, ou seja, o que é frequentemente referido como materialismo histórico. É esta adesão que explica o curioso oxímoro envolvido na insistência feminista socialista de que o feminismo “cultural” é “biologista”.
O raciocínio por trás da contradição parece proceder da seguinte forma: o feminismo “cultural” é “cultural” porque não é suficientemente “materialista”. …
Autora: Margareta Espling
Tradutora: Amanda Martins
Terceira parte do livro “Políticas corporais e mulheres cidadãs — Experiências Africanas”. Clique para ler o texto anterior sobre Mulheres no Cinturão de Cobra Zambiano.
Agradecimento
Este artigo é baseado no trabalho de campo da primeira fase de um projeto de pesquisa chamado Tracking Women’s Livelihood in Urban Mozambique, financiado por Sida/Sarec (2008–10).
O foco deste projeto é duplo: i) um estudo longitudinal de mulheres entrevistadas individualmente em meados dos anos 90, e ii) um estudo intergeracional enquanto os filhos das mulheres são entrevistados sobre suas estratégias de sustento desde que deixaram as casas de suas mães. …
Autora: Carol Hanisch
Original disponível no site da autora: Social Wage or Socialism?
Tradução: Aline Rossi | Feminismo Com Classe
O texto a seguir foi escrito em 2006 pela feminista radical e comunista Carol Hanisch, ex-integrante fundadora do grupo Redstockings (EUA). O artigo era uma resposta a um livreto lançado pelo coletivo radical numa campanha reivindicando Salários Sociais nos Estados Unidos, tendo por exemplo os salários sociais europeus.
A leitora precisa ter atenção nas devidas diferenças que existem do contexto norte-americano de 20 anos atrás para o nosso contexto atual, em qualquer país que esteja e que não seja os EUA. Traduzi este artigo porque, por um lado, sua análise é relevante e as críticas contundentes ainda são reais — e, em especial, a malfadada herança do “mal menor”, que leva a Esquerda à apoiar partidos do capital mais à Direita, também tem sido política paulatina no Brasil — e, por outro, a crise mais recente do capital trouxe de volta, e com toda intensidade, o debate sobre os salários sociais, agora sob o nome de Rendimento Básico Incondicional ou Renda Básico Universal. …
Publicado no Meeting Ground #10 Março de 1982, disponível aqui.
Tradução: Aline Rossi | Feminismo Com Classe
Apoie o blog: PayPal.Me/FeminismoComClasse ou Patreon.com/FeminismoComClasse
Nota da tradutora
O texto original é ligeiramente maior. As partes finais, nomeadamente “Ponto de situação do Meeting Ground” e “Dando o próximo passo”, foram suprimidas desta publicação porque não acrescentavam ao interesse do conteúdo, reportando uma situação muito específica entre as editoras (Hanisch e Leon) e seu grupo Redstockings. As leitoras e leitores podem, contanto, consultar as partes suprimidas visitando o documento original, linkado mais acima neste artigo.
A necessidade mais premente do momento de libertação das mulheres é a construção de uma organização nacional que possa reavivar um movimento de libertação em massa das mulheres e guiá-lo pelos passos necessários para derrotar a supremacia masculina. …
Autora: Graciela Atencio
Original: GeoViolênciaSexual.com
Data de publicação: 25 de setembro de 2020
Tradução: Aline Rossi — Feminismo Com Classe
Se cada encontro casual é um acontecimento e na vida, mais cedo ou mais tarde, enfrentamos o que é inevitável, dia 12 de Novembro de 2015 foi o primeiro dia de ativismo político de Amelia Tiganus.
Participei no III Encontro Internacional sobre Fundamentalismos e Direitos Sexuais e Reprodutivos organizado pela Medicus Mundi Gipuzkoa e pelo Movimento Manuela Ramos, em Donostia-San Sebastián, com uma apresentação sobre o feminicídio.
Na altura da discussão com os participantes, uma jovem mulher levantou-se do seu lugar em frente a uma audiência de cerca de 200 pessoas e disse que tinha deixado a prostituição no País Basco há oito anos e não tinha encontrado espaços públicos ou institucionais onde a prostituição fosse discutida como uma forma de violência masculina. Ela estava cansada de ouvir a resposta, quando pedia ajuda ou informações: “Conhece a perspectiva do trabalho sexual? …
Cartaz de uma estudante brasileira na Universidade de Coimbra (Portugal), num protesto organizado pelas estudantes para denunciar o machismo, assédio e xenofobia direcionadas às mulheres brasileiras no contexto universitário.
“O que é o tráfico, senão a solução para o problema de oferta de prostituição?”
— Kajsa Ekman
De acordo com dados da ONU:
• As mulheres constituem mais de 80% dos casos reportados de vítimas de tráfico;
• 79% dos casos reportados de tráfico de seres humanos é para fins de exploração sexual;
• As mulheres constituem 85% das vítimas de tráfico para exploração sexual.
Eu sou uma mulher brasileira que vive em Portugal. Em Portugal, brasileira é sinônimo de puta. O estereótipo é muito difundido e, alguém poderia se perguntar, por que brasileira é sinônimo de prostituta? Por que “brasileira”, especificamente, mas não ‘italiana’, não ‘francesa’, não ‘norueguesa’, não ‘cubana’? Por que o marcador de nacionalidade confere esse rótulo? …
Ano da edição: 2007. Editora Spinefex©
Tradução: Aline Rossi
Em 2007, a Relatora de Tráfico da ONU identificou o tráfico de mulheres para casamento, em práticas como a indústria de venda de noivas por correspondência e o casamento forçado, como um aspeto significativo do tráfico de mulheres que precisava de ser resolvido (UNHRC, 2007a). Esta é uma extensão importante da análise feminista e dos direitos humanos sobre o tráfico de mulheres. Coloca a tónica no casamento, que normalmente não tem sido associado à prostituição na academia contemporânea sobre direitos humanos.
Como o relatório da relatora salienta, o casamento é muitas vezes uma transação diretamente econômica, na qual o acesso sexual a meninas e mulheres é adquirido através do preço da noiva ou do pagamento de uma taxa a uma agência de apresentação. Compreender a dinâmica do casamento é útil como base para um exame da indústria global da prostituição, porque ilustra que a prostituição não é apenas um trabalho qualquer sem gênero, como o trabalho doméstico ou a colheita de tomate, mas tem a sua origem, e a sua contraparte, nas formas tradicionais de escambo de meninas e mulheres por dinheiro ou bens, numa forma de escravatura averbada (Rubin, 1975). …
About